Dossiê Iñarritu

O diretor mexicano Alejandro González Iñárritu tem uma carreira curta porém meteórica. Hoje certamente é um dos melhores diretores da nova geração do país abaixo dos ianques, ao lado de Alfonso Cuarón e Guillermo del Toro. O trio é dono da produtora mexicana Cha-Cha-Cha.

Iñarritu começou profissionalmente como DJ em uma emissora de rádio, influência para a composição de trilhas sonoras para filmes mexicanos. Estudou cinema e em 1990 já era encarregado de produção da televisão Televisa.

No cinema, teve um grande companheiro. O roteirista Guillermo Arriaga. Juntos criaram 11 curtas metragens para mostrar o lado obscuro da Cidade do México. Dessa parceria surgiria o primeiro longa - Amores Brutos. O sucesso foi enorme, vários prêmios mundo afora (como o Melhor Filme da Semana pela Crítica do Festival de Cannes) e concorrência pelo Oscar de Melhor Filme de Lingua Não Inglesa. A união de 3 histórias independentes, de rinhas de cachorros, a vida de uma modelo e um mendigo, que em um determinado ponto se unem, deixando marcas que jamais curarão. No elenco Gael Garcia Bernal, Vanessa Bauche, Goya Toledo e Emilio Echevarría. Um filme forte, impactante e odioso para quem ama os animais acima dos humanos.

Esse filme o creditou a alçar novos voos. Após o grande sucesso, foi convidado em 2001 para dirigir um curta metragem para um projeto da BMW de 8 curtas com diretores consagrados e estrelado por Clive Owen. Ele dirigiu o 5º episódio, Powder Keg. Veja abaixo:


Acompanhe todos os ótimos curtas do projeto:
1 - Ambush - John Frankenheimer
2 - Chosen - Ang Lee
3 - The Follow - Wong Kar Wai
4 - Star - Guy Ritchie
6 - Hostage - John Woo
7 - Ticker - Joe Carnahan
8 - Beat The Devil - Tony Scott

O segundo longa metragem, ao meu ver o melhor, é 21 Gramas. Um elenco de primeirissima linha com atuações antológicas de dois dos melhores atores em atuação na atualidade, Sean Penn e Benício del Toro e a bela Naomi Watts, de Cidade dos Sonhos. Outra parceria com Arriaga. Segue a mesma linha de Amores Brutos, histórias desconexas que em certo momento se encontram, porém dessa vez a narrativa não tem sequência cronológica, tornando a película ainda mais intrigante e angustiante. O tema mais abordado no filme é sobre drogas, tornando todos os outros assuntos apenas anexos. Esse filme seria o motivo do rompimento entre Iñarritu e Arriaga, que discutiriam pela colaboração na direção do filme, porém só após o fim da trilogia a bomba estouraria.

Babel finaliza a melhor trilogia assequencial desde a Trilogia das Cores de Kieślowski, a Trilogia da Morte. Neste as histórias se passam em 3 cantos do mundo. México, Marrocos e Japão. Outro elenco estelar com Brad Pitt, Cate Blanchet e novamente Gael Garcia Bernal. O filme é o mais complexo dos 3, pois a conexão das histórias se dá de modo surreal. Seguindo o filme anterior, a narrativa é fora de sequência, situando as situações mais absurdas parecerem na casa vizinha. Problemas para atravessar a fronteira entre EU e México, terrorismo inconsciente, vida de uma surdo-muda e mundo das armas são os diferentes núcleos do filme. O filme foi agraciado pela crítica com a premiação do diretor em Cannes, vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme de Drama e Oscar de Melhor Trilha Sonora. Talvez o menos melhor dos três, porém a força da trilogia agraciou o último a ser premiado em vários dos festivais.

Dramáticos e com narrativa peculiar, os filmes de Alejandro González Iñarritu o credenciam para o sucesso em novos projetos. Agora, sem a companhia de seu parceiro, mas é certo que talento o mexicano tem. Esperemos por 'Biutiful', com Javier Bardem.

Vitor Stefano
Sessões

Comentários

  1. São três grandes filmes com toda a certeza. Gosto muito de "Amores Brutos", mas acho, sem querer parecer pedante, que em "Babel há um amadurecimento de ideias e de ritmo. Vejamos o que virá por aí.

    Leandro Antonio
    Sessões

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