Diretores do Novo Cinema Brasileiro

O Brasil tem um cinema multifacetado. Há os diretores que vão numa linguagem mais televisiva, outros buscam referências ao cinema de arte e outros à estética Hollywoodiana, e outros tentam misturar tudo e ver no que dá. O atual cinema nacional vive uma expectativa positiva muito grande, com recordes de bilheteria, aumento significativo de filmes nacionais em cartaz e grande quantidade de super produções, cinema indepentende, documentários e curtas-metragens. É um Novo Cinema que vem para marcar época, como o Cinema Novo.

Os diretores que fizeram parte do Cinema Novo são considerados até hoje os mais importantes de nosso Cinema, sendo Glauber Rocha o seu principal nome. A estética anti grandes produções, com temática política e foco na classe média da época, fizeram com que o cinema nacional da década de 60 fosse considerado a época com as melhores produções do nosso cinema. Hoje, sem grande polêmicas políticas e com a globalização atingimos o ápice da perfeição técnica. Grandes diretores atuais já são convidados para produzirem fora do país e são reconhecidamente importantes no hall de diretores dessa geração.

Walter Salles e Fernando Meirelles são os que mais se destacaram nas últimas duas décadas com filmes de grande efeito, merecidamente premiados e tecnicamente impecáveis. ‘Central do Brasil’ e ‘Cidade de Deus’ são sucesso de crítica e público em todo o mundo, mas ‘Terra Estrangeira’, ‘Linha de Passe’, ‘O Jardineiro Fiel’, ‘Diários de Motocicleta’, ‘Domésticas’ e ‘Abril Despedaçado’ são sempre lembrados como filmes marcantes no atual cinema mundial. Eles são indubitavelmente diretores consagrados e com nome na lista de nossos grandes diretores.

Mas não viemos falar dos brasileiros consagrados e renomados. Vamos falar de diretores que estão em fase de crescimento e rumam para deixar marcado seus nomes na história do cinema brasileiro e mundial. Aqui no Sessões já falamos de dois: das loucuras pernambucanas de Claudio Assis e da sutileza aliada à naturalidade de Laís Bodanzky.

José Padilha
Começarei falando sobre um quebrador de recordes. Sua iniciação no cinema através de documentários, criou uma estética aos filmes de ficção muito aliados à realidade e essa mistura caiu no gosto do público. Estamos falando de José Padilha. Seu primeiro filme como diretor foi o documentário ‘Ônibus 174’, que deu inspirou o filme ‘Última Parada 174’. O tema polêmico, história densa do menino Sandro e o show de horrores transmitido ao vivo pela televisão resultaram nesse premiadissimo documentário. A fraqueza da polícia no episódio do ônibus foi substituida pela força do BOPE na primeira ficção dirigida por Padilha. ‘Tropa de Elite’ pode ter sido o filme nacional mais visto de todos os tempos, devido à polêmica da pirataria que envolveu o filme antes de seu lançamento. Capitão Nascimento virou herói, criou jargões e já ganhou uma sequência, que é a maior bilheteria nacional desde a Retomada: 'Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro'. Entre as duas super produções, Padilha lançou ‘Garapa’, documentário que enfoca outro tipo de violência: a fome. A veia documentarista dá aos filmes de Padilha uma realidade que choca e conversa diretamente com o público, através de seu talento e sua verdade. Devemos também dar uma menção honrosa e ficar de olho em um grande colaborador e parceiro de produtura de Padilha: Marcos Prado, diretor do documentário ‘Estamira’. Olho neles.

Karim Aïnouz e Marcelo Gomes
Por falar em parceiros, os nordestinos Karin Aïnouz e Marcelo Gomes já trabalharam algumas vezes juntos e coroaram com a direção do belo documentário-ficção-experimental ‘Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo. Como a grande maioria dos diretores nacionais, Karin e Marcelo iniciaram suas carreiras dirigindo curtas-metragens. Karin foi co-roteirista de ‘Abril Despedaçado’ antes de lançar seu primeiro longa: ‘Madame Satã’. Uma maravilhosa interpretação de Lázaro Ramos em um filme denso e potente. Temas complicados seguiram na carreira de Aïnouz. ‘O Céu de Suely’ versa sobre dificuldades e prostituição no interior do Brasil. Já Marcelo Gomes teve em seu debut em longas um dos maiores feitos do cinema atual. O longa ‘Cinema, Aspirinas e Urubus’ foi merecidamente premiado e aclamado. O cinema nordestino amplia seus horizontes com tanta inspiração.

Heitor Dhalia
 O Nordeste é um grande celeiro dos cineastas brasileiros da atualidade. Heitor Dhalia é pernambucano, mas diferente dos colegas citados acima, não mostrou sua ‘casa’. Ele voa mais alto. Uma carreira curta e três longas lançados, todos com grande repercursão, temas e estéticas totalmente diferentes entre eles. O primeiro longa metragem adaptar livremente Fiodor Dostoievski é só para quem tem um parafuso a mais. Entendo ‘Nina’ é um projeto paranóico. Há uma miscelânia dos maiores atores do atual cinema brasileiro em cena numa São Paulo mais louca ainda. Um grande projeto. Já em ‘O Cheiro do Ralo’ o que vemos é um personagem histérico, com um parafuso a menos. Selton Mello faz um dos melhores papéis de sua carreira, onde o ser humano é dissecado através de uma leitura cômico-trágica. A última dádiva de Dhalia é uma beleza de filme: ‘À Deriva’ tem uma beleza que ultrapassa a beleza da arte. Dhalia tem futuro longo em qualquer dos trilhos que sua carreira o levar e estaremos de olho pois cinema bom deve ser visto e divulgado. Grandes potencial para ser convidado a fazer filmes fora do país.

 Até agora estamos falando de novos cineastas que já são uma realidade no cenário nacional. O paulista Esmir Filho está quase lá. É um dos mais promissores diretores brasileiros. Seus curtas fizeram grande sucesso, principalmente ‘Saliva’ que cativou seu nome para a produção de seu único curta, lançado em 2009, ‘Os Famosos e os Duendes da Morte’, sobre jovens que vivem em seus mundos cibernéticos em tempos de Youtube, Flicker e blogs. Um jovem fazendo cinema para jovens com maturidade de gigante do cinema. Apostar em Esmir é acertar no centro do alvo.
Esmir Filho
Documentaristas como João Moreira Salles e Eduardo Coutinho são exemplos a serem seguidos. Mas um filho do cinema vem crescendo e ganhando espaço onde seu pai reinou. Eryk Rocha deixa a cada novo documentário uma marca, procurando aparecer por conta de suas ideologias, sem usar o trampolim de ser o filho de Glauber. A primeira produção foi uma homenagem ao pai. ‘Rocha Que Voa’ faz uma homenagem à figura de seu pai em entrevistas feitas em Havana. A América Latina é a odisséia de Eryk. Em 'Intervalo Clandestino' vemos a política brasileira em cheque em um ensaio poético. Já ‘Pachamama’ retrata o coração da divisa entre Brasil, o Peru e a Bolívia. Muitas culturas, raças e identidades misturadas num lugar esquecido. Seus documentários são fortes com ar de poesia livre. Um desbravador de culturas onde a realidade é mais verdade do que em outros lugares. Seu primeiro longa de ficção é ‘Transeunte’, que ainda não estreou. Eryk segue um caminho belo, mantendo o nome da família Rocha no alto escalão do Cinema Brasileiro.
Eryk Rocha
O Brasil tem maravilhosos realizadores em sua história e essa lista acima só confirma a qualidade e a força que o nosso Cinema tem. Com diferentes histórias e realidades, cada um a sua forma, mostram o Brasil com realidade, contam histórias maravilhosas e enobrecem a nossa arte. Estamos cada vez mais em evidência, seja na política externa, nos esportes e cada vez mais no Cinema também! Ave o Cinema Brasileiro! Quais outros podem ser lembrados como grandes promessas ou realidades atuais do cinema nacional?

Vitor Stefano
Sessões

Comentários

  1. ACHO QUE DEMOROU PARA FAZEREM UM FILME BASEADO NA MUSICA FAROESTE CABOCLO DO LEGIAO URBANA, OU ATE MESMO SOBRE A HISTORIA DELES............TAI A DICA!
    MARCO AURELIO BONANDO
    marko_bona@hotmail.com

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  2. Nossa, adorei seu blog, eu amo cinema e aqui eu posso descobrir mais coisas para poder me dedicar fielmente, se puder gostaria q comentasse em meu blog para me dar dicas etc. Seria otimo

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  3. tenho a sinopse de um filme ou mini serie que gostaria muito de ver acontecer! a historia satiriza todos os vampiros desde Dracula a Entrevista com o Vampiro de Anne Ricce, o nome seria MANOLO! SEGUE MEU E-MAIL aos interessados christianne33@hotmail.com tel.12-38834768 e 12-91601369 sou de Sao Paulo e moro no litoral norte na cidade de Caraguatatuba!meu nome e Christianne! obrigada!

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