Medos Privados em Lugares Públicos
Nome
Original: Coeurs
Diretor: Alain
Resnair
Ano: 2006
País: França
e Itália
Elenco: Sabine
Azéma, Isabelle Carré, Laura Morante, Pierre Arditi, André Dussollier, Lambert
Wilson.
Prêmios: Melhor
Diretor e Atriz (Laura Morante) no Festival de Veneza.
Sob uma nevasca sem precedentes, sob um teto claustrofóbico
ou em um lobby de hotel, as nossas desesperanças urgem, berram a quem quiser
ver, mesmo que não haja ninguém olhando. Seja num escritório dentro da própria
casa ou em uma baia separada por muros invisíveis, vendo que a história do
outro é mais feliz do que a nossa. Muros que crescem em formas desproporcionais
e em formatos impensáveis separando ambientes onde não há ambiente para viver
em paz. Fossem espelhos, veríamos o nosso próprio rosto, cansado de tanto
chorar, cansado de tanto sofrer por um passado que fazemos questão de deixar
latente nas estantes, nas cartas, nas músicas que nos marcaram, sejam em fitas
de vídeos ou em fotos em porta-retratos, os nossos maiores segredos estão a
salvo e sempre visíveis para nunca nos esquecermos de esquecê-los. Esse frio
está penetrante e a vontade de mudar é cada vez mais forte – não quero mudar de
lugar – quero mudar de mim. Esse corpo que habito está cada vez mais
angustiante e apertado, sem espaço para o eu e as coisas que guardo por causas
que nem mesmo sei. Precisamos fugir para chegar a um lugar que criamos na nossa
criatividade. Precisamos viver um personagem para escapulir da verdade monótona
e infeliz. A neve que cai aqui dentro cai por que meu teto não aguenta a
pressão. Minha vida é um livro aberto, mas as páginas estão em branco porque
não consegui seguir em frente. Meus medos privados estão cada vez mais em
evidência, pois o meu medo é o medo de todos. Acho que a neve está parando,
está esquentando. Não, eu que estou parando de respirar e fugindo dessa sala
apertada para respirar um ar que sempre esteve lá fora e eu nunca consegui
respirar.
Vitor Stefano
Isto faz lembrar o quanto tempo este filme ficou em cartaz no Belas Artes. A verdade é que com menos cinemas nas ruas, a região da Av. Paulista perdeu muito do seu encanto, pelo menos para mim, primeiro foi o Top Cine, depois o Gemini e o Belas Artes... Meu medo privado agora talvez seja de que os meus mundos acabem e que não me seja despertada a paixão por novos outros mundos. O Sessões é uma parte deste meu mundo old.
ResponderExcluirLeandro Antonio
Sessões