A Suprema Felicidade

Nome Original: A Suprema Felicidade
Diretor: Arnaldo Jabor
Ano: 2010
País: Brasil
Elenco: Marco Nanini, Dan Stulbach, Mariana Lima, Maria Flor, João Miguel, Jayme Matarazzo, Elke Maravilha, Maria Luiza Mendonça, Tammy dy Calafiori, Jorge Loredo, e mais
Sem Prêmios
A Suprema Felicidade (2010) on IMDb


Um filme de época da época que se amarrava cachorro com linguiça, em que se comia biju e pipoca nas praças, de homens que compravam jornais e revistas nas ruas, que se andava nas ruas sem nem ligar para aqueles trambolhos que chamam de carros. Uma época que não vivi, uma época que muitos não viveram, mas que pode ser entendido ao olhar de uma criança que tem um ausente pai, dedicado à Aeronáutica, uma mãe com o sonho de trabalhar esfacelado para ser a dona do lar, um avô que superou tudo e é um verdadeiro bon-vivant. Não sei se tudo que se vê é verdade, mas o amadurecimento do pequeno Paulinho, crescendo em um mundo em ebulição, depois da peste, das duas guerras, das estrelas cadentes – um mundo que não mudou muito e que vive embebido em nostalgia.


As fases de crescimento do pequeno Paulinho foram marcadas por diversos problemas e dúvidas para uma criança em amadurecimento. De um pai ausente, com uma mãe infeliz por não ver o homem pelo qual se apaixonou e se casou sair de casa sem dar motivos ou explicações. Paulinho segue mesmo os passos do avô, um músico e amante da noite, mostrando o que é bom e ruim para que o pequeno consiga amadurecer e viver numa época em que as mudanças estavam para acontecer. Das brigas com os mais velhos, das horas admirando as estrelas, da primeira paixão e confusão, o avô estava lá como um guarda-costas, um anjo da guarda. Dar ruas às noites, ao carnaval de rua, Paulinho vai tomando forma e gosto pelo sexo oposto.

Jabor faz de tudo para que nos sintamos dentro da época retratada, seja pela trilha ou pelo visual (nem mesmo que seja com o uso do cromaqui), uma nostalgia tomou conta do diretor, buscando o pitoresco mundo aos olhos de uma criança. De puteiros asquerosos a cabarés luxuosos, a boemia carioca está (exageradamente) escancarada com mulheres (aos montes) de peito de fora, nuas, sangrando, suando, vivendo pelo luxuoso pendão da vida – o sexo. O elenco é estelar, gigantesco, com grandes nomes do cinema nacional – de Marco Nanini a Elke Maravilha, numa história que é terno, belo, mas sem muito que dizer. Não que o cinema precise ter ensinamentos, mas a mensagem precisa ser passada. Jabor consegue angariar 14 patrocinadores e meia-dúzia de incentivos fiscais poderia ter feito muito mais. Uma felicidade que nos rasga apenas o canto da boca, mas não é extremada em momento algum. 

Inteligente é o pipoqueiro, que sempre sabe que todo mundo tem “dado lá em casa”, que a mãe dos seus amigos “come como eu como” e que sabe que uma boa sacanagem pode ser muito mais do que mulheres nuas e abertas. O grande barato é fazer sexo - “Amor é coisa de viado”. Mas o grande recado que fica de “A Suprema Felicidade” é que o amor, ah o amor, é pra se viver, pra se voar, sem rede, como diz o velho avô de Paulinho em sua despedida. A vida é pra ser vivida sem rumos, sem ritos, sem travas. A verdadeira paixão do cinema é feita por amor. Um amor que ficaria muito bem no cinema do Jabor dos anos 70/80 de um filme que ficaria muito bem se fosse da época da retomada. O Cinema nacional pode (e deve) ter filmes de épocas, mas filmes de olhar tão tacanho, exagerados, poderia ser uma melhor visto em outro momento. Jabor volta bem, com um belo filme, mas um filme fora dessa época. Aliás, parece que ele nem pertence mais a essa época (nem ao cinema).



Vitor Stefano
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