A Desconhecida
Nome Original: La Sconosciuta
Diretor: Giuseppe Tornatore
Ano: 2006
Elenco: Kseniya Rappoport, Michele Placido, Claudia
Gerini, Piera Degli Esposti e Pierfrancesco Favino.
Prêmios: David di Donatello de Melhor Atriz (Kseniya),
Fotografia, Diretor, Musica e Filme.
A depravação faz parte da base do ser humano. Ver um desfile
de mulheres de máscaras e de lingerie, sendo observadas através de um pequeno
buraco consegue prender e alimentar desejos mais profundos num ser humano, como
num Big Brother in loco. Conturbado por flashbacks, vemos um passado que
deveria ser afundado e esquecido por nunca dever ter existido. Como um ritual
visto em “De Olhos bem Fechados”, com um sadismo vindo de “Jogos Mortais”,
somos levados a um mundo longe do cotidiano e mais próximo da realidade do que
deveríamos. Com cortes ensandecidos entramos numa roda gigante de emoções num
thriller à Hollywood nas mãos do manipulador de emoções de Cinema Paradiso,
Giuseppe Tornatore.
Se a história de Irina fosse contada de forma cronológica,
certamente o filme não teria a menor graça, pois saberíamos o que motivaria a
sua busca, tornando um filme previsível. Ao vermos a recém-chegada imigrante
ucraniana, obcecada por conseguir um emprego em frente de onde mora numa cidade
da Itália, nada mais comum. Mas essa obsessão torna-se algo doentio por uma
família em específico, com a qual, certamente tem alguma ligação no passado,
mas que só saberemos por meio de cortes que mostram o passado obscuro. Não
adianta falar muito do filme, pois não quero ser vítima de matadores de
divulgadores de spoilers.
Apesar do estranhamento para quem espera outros “Cinemas
Paradisos”, o filme é instigante, te prende na cadeira e tem uma marca
registrada dos filmes do diretor: Ennio Morricone, que dá
a medida certa para cada nova tomada, acompanhando o ritmo frenético que a
película se embrenha, mas nunca sem perder o controle. “A Desconhecida” é mais
do que um simples thriller, levanta uma questão muito comum nos filmes
europeus, mas que nunca deixará de ser importante, que é a questão da imigração,
da xenofobia. Há também uma crítica ferrenha acerca de prostituição e tráfico
de menores. Questões que ferem os princípios básicos da sobrevivência, mas que
é são barreiras que nunca serão desfeitas.
Um filme que vai do belo ao pútrido, mas que não cai na baixaria ou na
vala comum. A trama muito bem amarrada cria expectativas inesperadas, sendo um
dos melhores suspenses que vi nos últimos tempos. Não é de duvidar que a Nina
da novela “Avenida Brasil” tenha um pouco de inspiração em Irina de “A
Desconhecida”.
Vitor Stefano
Sessões
Vitor Stefano
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