Nove Rainhas

Nome Original: Nueve Reinas
Diretor: Fabián Bielinsky
Ano: 2000
País: Argentina
Elenco: Gastón Pauls, Ricardo Darín, Leticia Brédice.
Prêmios: Melhor Ator Estrangeiro (Darín) no Festival de San Jordi.
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A grande virtude de um gatuno é aliar sua astucia, rapidez e inteligência para enganar o ser a ser furtado. Também é necessário ter sangue frio e não pensar em ter peso na consciência. Há ainda a preocupação com quem está ao seu lado, em quem você pode confiar, se é que há alguém para confiar nesses momentos. A vida de um contraventor segue uma rotina desregrada onde a oportunidade aparece a cada piscar e é necessário estar pronto para agir. Há quem faça isso por compulsão, há quem faça por necessidade, porém há quem seja profissional em roubar. Precisamos ficar de olho bem aberto para não ser a próxima vítima, seja em Mumbai, Nova Iorque ou em Buenos Aires.

Roubar um pão ou um milhão tanto faz, mas a vida de Marcos e Juan tem nuances muito iguais. Coincidências marcam as vidas de quem vive na linha entre o certo e errado. Marcos demonstra-se um “dono de suas ações”, já Juan parece um pinto no meio do lixo, com sentimentos incontrolados, deslumbra-se com tudo, quer tudo, mesmo com o medo de principiante. O acaso os uniu, a vida bandida é repleta de surpresas que não se podem controlar. A ética numa profissão é tão importante quanto o próprio ato da sua atividade, mas num labor sem escrúpulos, quem tem um pouco de bom senso, leva a melhor, nem que seja o respeito à própria família. A vida de Marcos é uma eterna corrida contra a vida comum, já Juan demostra a cada passo que começa bem na sua atividade, parece dominá-la com sua frieza e movimentos calculados. A vida bandida só fere e surpreende mesmo que seja para conseguir a independência financeira à custa dos selos falsos das tais rainhas.

“Nove Rainhas” é mais do que um excelente filme, tornou-se um marco do “Novíssimo cinema argentino” por conta da morte precoce (aos 47 anos) do diretor Fabián Bielinsky num hotel de São Paulo em 2006. Com apenas 2 filmes (o outro é o ótimo “Aura” de 2005) ele é um mártir de um cinema que é autoral sem perder a sua identidade e capacidade de fixação. Falar de Ricardo Darín é chover no molhado. Sempre ótimo, com atuação sempre intocável. Por esse motivo digo que o destaque é Gastón Pauls na pele do “novato” Juan, onde a trama corre em torno dele, com surpresas a cada novo frame, com o viciante som ambiente sempre ao fundo. “Nove Rainhas” é obrigatório. Bielinsky vive eternamente nas telas do mundo, nas ruas de Buenos Aires.

Vitor Stefano
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