À Beira do Caminho


Nome Original: À Beira do Caminho
Diretor: Breno Silveira
Ano: 2012
País: Brasil
Elenco: João Miguel, Vinícius Nascimento, Dira Paes, Ângelo Antônio, Ludmila Rosa e Denise Weinberg.
Prêmio: Melhor Filme, Melhor Ator (João Miguel), Melhor Ator Coadjuvante (Vinícius Nascimento), Melhor Roteiro, Melhor Filme no Juri Popular e Troféu Gilberto Freire (valorização da identidade nacional) no Cine PE.
À Beira do Caminho (2012) on IMDb

“Quando a saudade não cabe no peito ela transborda pelos olhos”.



Fugir. Não há como não, ao menos, pensar nisso quando estamos diante de um obstáculo. Fechar-se para o mundo quando o peso de um erro cai nas suas costas é algo natural dos seres humanos. A depressão está mais próximo do que todos nós imaginamos. A fragilidade de nossos sentimentos é mais pulsante do que podemos imaginar. Podemos ser alvejados por lágrimas ao ver um cão na rua, uma criança fazendo malabares, uma folha que voa, um pássaro sem casa, uma canção de Roberto, um filme melodramático. Quando feito no momento certo, com o tom correto, com os elementos encaixados estamos despidos e vulneráveis a ter nossos sentimentos mais enrustidos aflorados como um girassol para o sol. “À Beira do Caminho” pode ser piegas, clichê e até melodramático, mas consegue prender, faz sofrer e até chorar por sua capacidade de fisgar o espectador à tela grande com elementos básicos e simples: a amizade, a solidão e a fraternidade.


João é um caminhoneiro que, como muitos outros, roda o país solitariamente, onde suas únicas companhias são o seu caminhão e suas lembranças. Mas há algo mais que o perturba. Não se mistura, não vai atrás de mulheres fáceis, João prefere parar num boteco qualquer, tomar a sua cerveja e afogar as mágoas que o passado lhe atribuiu. Caronas são absolutamente comuns no interior, mas a presença de Duda, uma criança em busca de um pai na caçamba deste caminhão, nada agradou ao amargurado motorista. Mas mostrando um pouco de luz, ele concede em levar o menino à cidade mais próxima. Sem falar muito, João é abarrotado de perguntas e questionamentos de uma criança que só quer tentar entender esse mundo que tanto maltrata os corações. Entre caminhos áridos e solitários do sertão nordestino, temos flashes com dicas do que poderia causar tanto sofrer a João. Duda é o acaso, a salvação, um anjo na vida dele, sempre embalados pelas músicas de Roberto. 

Só posso chegar a uma conclusão: Breno Silveira sabe como contar uma história. O próprio Breno definiu muito bem o seu filme como singelo, mas que consegue captar a alma de quem vê, assim como quem ouve as musicas do Rei. Um filme em forma de música ou em forma de frase de para-choque de caminhão. Falar de João Miguel é ser redundante. É cada vez melhor, mais profundo, mais intenso. Dira Paes, Ludmila Rosa, Denise Weinberg e Ângelo Antônio tem participação muito pequena, mas bem fluida com a história. O grande destaque vai para o menino Vinicius Nascimento, que é absolutamente cativante. Crianças costumam ser o ponto franco de filmes por parecerem forçadas ou fora daquele ambiente, mas Vinícius como Duda está fantástico. Uma das melhores atuações mirins que já vi. Belo e singelo com o filme em si. A fotografia é outro ponto de destaque com as belas imagens do árido ao caos urbano, indo de encontro à composição do personagem João.


“Viver é desenhar sem borracha”.

“Carros, caminhões, poeira
Estrada, tudo, tudo, tudo
Se confunde em minha mente
Minha sombra me acompanha
E vê que eu
Estou morrendo lentamente...

Só você não vê que eu
Não posso mais
Ficar aqui sozinho
Esperando a vida inteira
Por você
Sentado à beira do caminho...

Preciso acabar logo com isso
Preciso lembrar que eu existo
Que eu existo, que eu existo...”
Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Vitor Stefano
Sessões

Comentários

  1. o nome da música é sentado a beira do caminho! essa música é de autoria do Erasmo Carlos em Parceria com Roberto.

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