Exuberante Deserto
Nome Original: Adama Meshuga’at
Diretor: Dror Shaul
Ano: 2006
País: Israel, Alemanha, França e Japão.
Diretor: Dror Shaul
Ano: 2006
País: Israel, Alemanha, França e Japão.
Elenco: Tomer Steinhof, Ronit Yudkevitz, Shai Avivi, Pini
Tavger e Henri Garcin.
Prêmios: Urso de Prata no Festival de Berlim, Prêmio do Grande Juri no Festival de Sundance e Melhor Direção de Arte, Música, Filme e Som da Academia Israelense de Cinema.
Prêmios: Urso de Prata no Festival de Berlim, Prêmio do Grande Juri no Festival de Sundance e Melhor Direção de Arte, Música, Filme e Som da Academia Israelense de Cinema.
O conceito de Kibutz é de uma comunidade agrícola criada em
Israel como conceito de vida em conjunto baseada no socialismo e no sionismo. É
considerado por muitos uma das melhores experiências de vida comunitária já
ocorrida na história e é tido como a base da, hoje reconhecida, força da
comunidade israelita por seus preceitos e senso de ajuda mutua. Muito bonito se
não fosse irreal. Toda vida em comunidade é cheia de percalços, inverdades e
dificuldades. Não há como ter um modelo de vida em grupo que não tenha
problemas, obvio, mas quanto mais fechada, mais dúvidas quanto a sua
idoneidade. Quem sou eu para julgar o problema dos outros, mas em “Exuberante
Deserto”, quem o faz, quem conta essa história é Dror Shaul através de seu
alter-ego Dvir em um kibutz nos anos 70.
Dvir é considerado por todos como o menino rebelde da
comunidade. Perto de fazer seu Bar Mitzvah, órfão de pai, vive numa espécie de
internato, onde estuda e dorme no colégio, mas tem acesso a visitar a casa nas
tardes. Suas costumeiras fugas noturnas são para cuidar da mãe, Miri, doente e
com passagens em hospitais psiquiátricos. O mistério de como seu pai morreu
ainda é uma busca para Dvir. Ao atingir os 13 anos as crianças tornam-se útil à
sociedade, motivo de orgulho e produtividade para o kibutz que vivem. Miri tem
picos de melhora, principalmente quando da possibilidade de seu namorado
epistolar passar duas semanas com ela em sua casa. Após aprovação dos membros
da comunidade, ele vem. Ela parece curada. Dvir sorri, vê nele a possibilidade
de melhora, de ter um pai. Mas isso não dura. A mãe entra num parafuso sem fim,
num poço sem agua, numa viagem sem volta. Dvir faz tudo o que pode para salvá-la.
Passa o verão, outono, inverno e primavera. Miri está afundada. Dvir nunca
desiste. Quer ver a dor da mãe longe. Mas porque tanta dor? Por quê? Porque não
fugir daquela prisão em forma de coletividade? Porque está tão presa num lugar
cheio de adultérios, zoofilia ou mesmo assassinos frios? Por quê?
Nunca diria que todo kibutz era como “Exuberante Deserto”
mostra, mas desde a evolução para homo-sapiens as causas individuais
sobrepõem-se às do grupo. A opressão de viver em uma comunidade onde todos são
donos de tudo impede que haja uma atitude desmedida, uma vontade querida, um
desejo conquistado. Isso é a oposição da liberdade. O comunismo é a privação da
liberdade? Bom, a questão é complexa e sem resposta correta. Não há liberdade
sem pensamento livre e é por aí que “Exuberante Deserto” tem sua importância.
Um roteiro que poderia ser mais profundo, mas por retratar uma realidade que
poucos viveram, tem a medida certa para conseguirmos sentir o viver dentro de
um kibutz e sob a vigilância de todos. Claro que nessas sociedades
antiidealistas que vivemos hoje também estamos sob os olhos de todos, mas podemos
fazer o que quiser. Sim, temos privações, mas ao menos podemos sentir a
possibilidade de viver em liberdade. O deserto dos outros é mais exuberante do
que os nossos.
Vitor Stefano
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