Reflexões de um Liquidificador
Nome Original: Reflexões de um Liquidificador
Diretor: André Klotzel
Ano: 2010
País: Brasil
Elenco: Ana Lucia Torre, Germano Haiut, Fabiula
Nascimento, Marcos Cesana, Gorete Milagres e Selton Mello.
Sem Prêmio.
O cinema brasileiro se supera a cada ano. Os roteiristas estão numa fase criativa ao máximo, sem se importar com as convenções banais do cinema comercial. Há uma vivacidade, um frescor que dá ânimo a se arriscar a ver tudo o que é produzido por nossas terras. Claro que há aquelas produções clichês, comédias globais e pseudodocumentários ininteligíveis, mas dentro do todo, há muita inteligência e capacidade. O cinema brasileiro merece ser mais visto, mais aprofundado. “Reflexões de um Liquidificador” é um desses filmes que se você ler a sinopse dirá: “Pelo amor de Deus, quem é que pensou numa merda dessas”. Sim, tem tudo para ser um filme tosco, não é e está longe de ser.
Elvira é daquelas típicas senhorinhas donas de casa. Aquela
vizinha que é comum em bairros residenciais da cidade de São Paulo. Ela pode
até ser sua avó. Adora cozinhar, vive de conversa com as vizinhas, com o
carteiro, sabe tudo de todo mundo, mas nem lhe diga que é fofoqueira. Uma vida
dedicada ao marido, à casa, ao trabalho e ao comercio que eles tocavam: uma
modesta casa de sucos. Quando eles decidem fechar o negócio apenas o
liquidificador sobra para a casa. A situação aperta e o marido, Sr. Onofre,
vira vigia noturno e Elvira, que tinha um hobby aprendido com o pai na
adolescência, volta a fazê-lo para tirar um dinheirinho e para passar as
tardes: a taxidermia. Empalhar animais não é das maiores diversões.
Temos um corte no tempo e percebemos que o Sr. Onofre some e
apenas vemos a pobre viúva solitária. Solitária uma ova. O liquidificador da
antiga frutaria torna-se uma grande companhia. Bom de papo, o eletrodoméstico é
o melhor amigo que um homem pode ter. Após o sumiço repentino do marido, tudo o
que sabemos é que seus amigos e vizinhos a tem com muito carinho, sempre
perguntando se ele voltou. Não voltará. O liquidificador que o diga.
Uma idéia simples, porém louca. André Klotzel usa e abusa de
um humor que estamos pouco acostumados a ver na tela. Tem um “quê” de “É
Proibido Fumar”, mas alcança um resultado ainda melhor do que o filme de Anna
Muylaert. Maria Lucia Torre é um “monstro” na tela e é muito pouco usada no
nosso cinema. Merece as glorias pelo filme e mais papéis de impacto na telona.
Todo elenco de apoio está em sintonia fina e faz com que nos aproximemos cada
minuto mais das personagens e da trama. Selton Mello nem aparece e dá show como
habitual. “Reflexões de um Liquidificador” vem para mostrar que o cinema
nacional não precisa de rótulos.
Vitor Stefano
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