Frango com Ameixas



Nome Original: Poulet aux Prunes
Diretora: Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud
Ano: 2011
País: França, Bélgica e Alemanha
Elenco: Mathieu Amalric, Edouard Baer, Maria de Medeiros e Golshifteh Farahani.
Prêmio: Prêmio Especial do Júri dos Críticos de Dublin.


Claro que o meu interesse em ver “Frango com Ameixas” foi “Persépolis”. E o interesse não só porque amei ler o HQ, apaixonei pela adaptação cinematográfica e me envolvi com a história da Marjane Satrapi. Tudo que ela fizer será alvo de meu querer, como se fizesse parte da minha família. A encantadora menina da animação cresceu e desenvolveu uma linguagem bela e pouco usual no cinema de hoje em dia. Claro que imaginando que essa nova adaptação não seria feito em animação me causou um pouco de dúvidas quanto ao impacto que nos causaria. Porém o efeito é tão bom quanto. Por vermos atores de carne e osso podemos ao primeiro olhar pensar num filme comum, mas ao passar dos minutos efeitos visuais e uma fotografia marcante nos envolvem numa história linda, triste e lúdica, como, acredito, sempre serão os filmes de Marjane.


A história do músico apaixonado por seu violino é ver a paixão pelo instrumento, pela música e pela vida. A vida de Nasser-Ali Khan se confunde com a sua música. Estamos em Teerã em 1958 e o mais célebre violinista da época tem o seu instrumento de estimação quebrado pela mulher, num acesso de fúria. Pai ausente, marido distante e artista sem música, Nasser não tem outra saída a não ser definhar até a morte. Trancafiado no quarto escuro apenas esperando a morte leva-lo tem devaneios, viagens ao passado de dedicação à sua paixão e visualiza o futuro de seus filhos. Pensa também no motivo o qual sua vida terá um fim. Por causa do violino. O objeto já não tem importância. Significa muito mais quem o presenteou. Um xodó, um amor, uma história. A sua vida nunca mais seria a mesma sem ele (ela) do seu lado. Uma morte que vem, leve-o, pois ele não está mais lá.

A história inspirada na vida do tio de Marjane consegue nos transportar para o fim dos anos 50, representando a vida de um amante da música, vivendo a paixão não vivida por Nasser. O filme em live action mixado com animações e efeitos especiais de Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud é mais uma pequena obra de arte da dupla. Além dos efeitos e da qualidade, a presença de um dos melhores atores da atualidade dá mais um peso ao filme. Mathieu Amalric na pele do Sr. Khan é um show a parte, rodeado pela sua esposa, a ótima Maria de Medeiros. Li num lugar que “Frango com Ameixas” está para “Persépolis” assim como “Manderlay” está para “Dogville”. Não sei bem o que isso representa, mas vale o registro. O registro maior é que as histórias de Marjane continuarão a me seguir e eu a seguir elas. Que venham mais!

Vitor Stefano
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