Quando eu Era Vivo
Nome Original: Quando eu Era Vivo
Ano: 2014
Diretor: Marco Dutra
País: Brasil
Elenco: Antonio Fagundes, Marat Descartes e Sandy Leah.
Sem Prêmios.
Um organismo vivo, indestrutível. Vivo-morto. Ressurgindo
das cinzas e emergindo das profundezas. Não, não é Zé do Caixão.
Através de uma fita de VHS vamos conhecendo os personagens.
As imagens em qualidade distorcida mostram crianças alegres e felizes, barulhos
estranhos, uma mulher sinistra, um livro com a imagem de um demônio aparece,
velas queimando. Mas quem nunca vemos nas imagens é o pai, o qual acompanharemos
hoje, cuidando da saúde com suplementos e exercícios indicados ao médico. Um
homem em sua senioridade, com namorada, viúvo, mas que seguiu em frente. A partir
da recepção e acolhimento em sua casa a Junior, jovem separado, pai ausente,
perturbado, aquela casa nunca mais será a mesma. Já, o outro filho, está
internado. Ou melhor, voltará a ser o que sempre foi. A casa pulsa. A casa tem
vida.
Durante essa metamorfose, surge Bruna. Uma moça bela,
estudante de música que aluga um quarto da casa. Ela é um ponto fundamental da
história, como uma liga entre pai e filho, uma figura feminina na casa, uma
inspiração. Junior vê na moça indefesa a sensualidade que gera estímulo para
(re)escrever sua história. A partir de “escavações” num quartinho dos fundos do
apartamento, o filho revê seu passado através de objetos renegados e escondidos
pelo pai. Um misto de delírio, depressão e ocultismo geram medo no pai e,
apesar da introspecção, cresce um sentimento obscuro no filho. Tudo fica muito
pesado. A mãe ainda vive.
Marco Dutra é desbravador e corajoso. Fazer filmes de gênero
no Brasil é fora da caixinha, a não ser pelas comédias globais, o que há de
pior no nosso cinema. Mas filmes de suspense-terror como “Quando eu Era Vivo”
não existe. Apenas Zé do Caixão faz filmes de terror, mas são filmes B, não
para o mainstream. Ousado por tocar em assuntos delicados como religião e
ocultismo. Ainda mais ousado por trazer Sandy Leah (sim, a cantora) para as
telas e surpreende com uma atuação que também a faz sair da casinha. Fagundes é
monstro e não há o que falar. Marat é fantástico. Sempre me chama atenção seu
nome, desde que fiquei boquiaberto com “Os Inquilinos” do Sergio Bianchi. Inspirado
livremente em Lourenço Mutarelli, há a clara alma do escritor na tela. Afinal,
quem deve sair da casinha somos nós, nos despir de preconceitos e ver filmes
brasileiros. Apesar da clara inspiração aos suspenses hollywoodianos, ou mais
especificamente shyamalanianos, como “O Sexto Sentido” ele não deixa devendo
nada a eles. “Quando eu Era Vivo” é um dos melhores filmes do ano.
Vitor Stefano
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