Beasts of No Nation



Nome Original: Beasts of No Nation
Ano: 2015
Diretor: Cary Joji Fukunaga
País: EUA
Elenco: Abraham Attah, Emmanuel Affadzi e Idris Elba.
Prêmio: CICT-UNESCO Enrico Fulchignoni Award no Festival de Veneza.
Beasts of No Nation (2015) on IMDb


A barbárie está mais próximo do que imaginamos. Quando achamos que o mundo evoluiu, que vivemos em um planeta mais honesto e menos discrepante, onde pensamos que os direitos humanos, o respeito à vida e a democracia já impera no globo, vem uma pedrada e nos atinge na cabeça causando sérios danos. E pensar que aqui perto gente, talvez na mesma longitude esteja acontecendo nesse momento um massacre, mortes em série, abusos coordenados, tiranos matadores e ditadores travestidos de bons moços. O mundo é um caleidoscópio onde as imagens que nos embriagam suavizam o inferno que realmente ele é. Enquanto alguém estiver morrendo por ser submisso a outro ser humano, estaremos num planeta fétido.

Em algum lugar da África, através dos olhos do pequeno Agu, acompanhamos a inocência sendo mutilada pelo medo e barbárie. Logo na cena inicial somos jogados para dentro da tela (literalmente) e somos enfeitiçados pelo pequeno e logo nos rendemos ao seu olhar sobre o que virá logo depois. Uma guerra civil toma a vila onde mora com a tradicional família. Com o instinto de proteção ao lar, os homens ficam e as crianças e mulheres são levadas por aproveitadores para fugirem para o mais longe possível. A guerra é brutal, com armas de calibre pesado e homens sanguinários querendo o território a qualquer custo. A guerra é sempre brutal. Entre tiroteios, esconderijos e indecisão, Agu foge e acaba caindo nas mãos de um grupo rebelde liderados pelo ‘Comandante’, um ser frio, estrategista e que conquista o respeito pelo discurso e pela força. A partir daí este começa a criar pequenos guerrilheiros, sanguinários que estão dispostos a qualquer esforço para ser reconhecidos, crescerem na facção, ganhando respeito e afago da nova família. A inocência dá espaço para o extremo. O que vemos a partir daqui é mais do que absurdo, mas uma simbiose de sentimentos que nos levam mata adentro e fazemos parte dessa loucura. A loucura existe.


Um dos melhores filmes do ano - e um marco cinematográfico por ser o primeiro filme de ficção concebido pelo Netflix. É impossível não falar de “Beasts of no Nation” sem citar as brilhantes atuações do badalado Idris Elba e do jovem Abraham Attah. ‘Comandante’ e Agu são personagens complexos, intensos e que foram muito valorizados por esses atores brilhantes. Mas a grande estrela do filme é Cary Fukunaga. O diretor e roteirista conseguiu transferir um mundo real em uma realidade visível aos nossos olhos. Se há a barbárie, há também o humano. Se há o absurdo, há também a sobrevivência. Se há a violência, há também a violência. Fukunaga conseguiu criar um filme com liberdade e ousadia. É um belíssimo filme.

Vitor Stefano
Sessões

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