O Quarto de Jack


Nome Original: Room
Ano: 2015
Diretor: Lenny Abrahamson
País: Irlânda e Canadá.
Elenco: Brie Larson, Jacob Tremblay, Sean Bridgers e William H. Macy.
Prêmios: Globo de Ouro, Bafta e Screen Actors Guild Awards de Melhor Atriz
O Quarto de Jack (2015) on IMDb


“Mãe, eu tenho 5. Mãe, tenho 5 anos!”

O ser humano é extremamente adaptável. Claro que dependendo dos ambientes, haverá mais ou menos dificuldades. E uma criança se adapta a qualquer coisa. Sua imaginação e cérebro são esponjas que criam verdades, espaços e vida onde tiver que ser. Imagine uma criança de 5 anos que vive em um quarto com sua mãe, sem janelas (apenas com uma claraboia), e ela lhe ensina que o mundo é só aquilo e fora dali só existe o espaço sideral. Oi cadeira, oi fogão, oi tv, oi chaleira, oi cama. O mundo somos só eu e você.  Um mundo “perfeito”.

A perfeição está longe do que acontece com Jack e sua mãe. Ela foi vitima de sequestro aos 17 anos e esse menino é fruto desse absurdo. Velho Nick, nome como conhecemos o sequestrador, leva mantimentos e roupas para a dupla sobreviver ao confinamento. Ele não tem contato com Jack, que dorme no guarda-roupa enquanto ele faz suas visitas noturnas. Um absurdo, uma agonia, uma loucura. Arquitetar uma fuga é algo esperado, mas como convencer o filho que ele terá que ajudar a salvar a vida dos dois, num mundo que ele desconhece, que não sabe existir ou nem faz ideia do que é, sendo que suas unicas janelas para o mundo são uma claraboia e uma televisão. Ultrapassar aquela porta não existe, pois o lado de fora daquela porta não existe para ele. Só um olhar puro para conseguir transmitir tal beleza numa situação de tamanha tristeza e desespero. Que cena linda. Mas como o quarto, tudo tem dois lados. E o filme são exatamente esses dois lados. A agonia de dentro e a readaptação do lado de fora.


E Brie Larson e Jacob Tremblay são os grandes responsáveis pelo sucesso do filme. Há uma química entre mãe e filho que ultrapassa os limites da atuação. Ver tudo aos olhos de Jack causa um impacto entre ingenuidade e a monstruosidade do que vemos na tela. O desespero nos olhos da mãe e a sua vontade de libertar seu filho, o deslumbramento e medo dos olhos do menino ao ver que o que via pela claraboia era apenas um pedacinho de tudo que estava do lado de fora estão emocionantemente retratados em Brie e Larson, o menininho é um show a parte. O roteiro é bem construído, tendo na primeira parte uma força descomunal que não consegue se manter no segundo ato. Não por ser ruim, mas por ser menos físico e mais mental. Voltar à vida não é nada fácil. Tudo mudou, mas nada mudou mais do que você. Lindo filme!

Vitor Stefano
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