Mãe Só Há Uma


Nome Original: Mãe Só Há Uma
Ano: 2016
Diretora: Anna Muylaert
País: Brasil
Elenco: Naomi Nero, Daniela Nefussi, Matheus Nachtergaele, Luciana Paes e Marat Descartes.
Prêmio: Teddy Bear no Festival Internacional de Berlim.
Mãe Só Há Uma (2016) on IMDb


Ser adolescente nunca é fácil. É um momento crucial da vida onde escolhas, novidades, decisões podem ser decisivas para a vida toda. Os conflitos internos e dúvidas são verdadeiras guerras mundiais para um menino de 17 anos. Quando tudo parece estar uma loucura, Pierre descobre que foi raptado na maternidade e quem ele ama e chama de mãe é um verdadeiro monstro. Um amor, um monstro que tirou um filho de outra família. E não o fez apenas uma vez já que sua irmã menor também foi raptada. Na verdade, Pierre é Felipe. E na verdade, Felipe não é ninguém. A rebeldia juvenil que surge normalmente agora explode. Quando sai da casa simples e pobre para a casa imponente e abastada dos pais biológicos ele não se reconhece. Quem sou? Felipe ou Pierre? Quem são essas pessoas que me amam e que não me veem há 17 anos? E eu que não os conheço preciso amá-los? Mas...eu me amo? Quem sou eu?

O amor é algo que nasce, cresce e precisa ser adubado. Quando uma situação limite acontece a força interna ganha força e você precisa se impor. Felipe/Pierre se impõe com sua nova família. Porta fechada, roupas extravagantes, escolhas de passeios inusitados para a família tradicional. No afã do amor, a nova família transforma Felipe numa uma espécie de circo e o leão surge e ruge. O irmão (biológico) mais novo é o verdadeiro contraponto, cheio de sí, cheio de confiança e arrogante. Parece um mini adulto. Felipe ainda não. Não temos uma família, não temos diálogo. Não conseguimos ver, incomoda. Uma relação que não fala, apenas sente.


Um filme potente, impactante e diante de um dilema tão complexo não cai na pieguice natural. Nem o fato de ser inspirado em fatos reais o deixa cair nessa armadilha. A escolha de esconder a mãe raptadora logo no início é acertada para que o foco seja mesmo em Felipe/Pierre. Já há muito conflito num único personagem. Anna que tem uma carreira constante, competente e atingiu o "estrelato" com "Que Horas Ela Volta?". “Mãe Só Há Uma” é seu menor (também em duração) e melhor filme. As incompletas sensações, os hiatos, os silêncios são tudo, são imperfeitos perfeitos. Pierre/Felipe é a imperfeição. É tudo que queriam. É nada. É uma linda atuação do estreante Naomi Nero. É um dos melhores filmes nacionais do ano ao lado de "Boi Neon" de Gabriel Mascaro e "Aquarius" de Kleber Mendonça Filho. É um ano fabuloso do cinema nacional. Anna, muito obrigado (de novo)!

Nota: 8

Vitor Stefano
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