A Cabana


Nome Original: The Shack
Ano: 2017
Diretor: Stuart Hazeldine
País: EUA
Elenco: Sam Worthington, Octavia Spencer, Tim McGraw, Radha Mitchell, Aviv Alush, Sumire e Alice Braga.
Sem Prêmios.
A Cabana (2017) on IMDb


Um menino que sofre abusos na infância, que é maltratado e se vinga de seu pai. Logo vemos Mack já adulto, um ótimo pai de três crianças lindas, onde há um relacionamento absolutamente saudável e perfeito, dentro das possibilidades. Sua esposa é dedicada, fiel e abnegada – pela família e pela estrutura religiosa da família. Ela tem relação próxima de Deus. Mack não tem uma base tão sólida em sua relação com Deus e seus mistérios. Crê, sempre com dúvida. Durante um fim de semana feliz onde ele acampava com as crianças, Missy, sua filha caçula é raptada e dada como sumida após encontrarem sua roupa suja e com sangue numa cabana num morro no meio da floresta. A depressão, a tristeza e a culpa consomem Mackenzie que afunda. Afastado dos filhos, desmotivado com o casamento, desgostoso com a vida. Assim é o novo Mack. Uma carta assinada por ‘Papa’ - apelido carinhoso com o qual a filha morta chamava Deus - deixada na caixa de correspondências muda tudo. Invoca raiva, ira de vingança, exacerba seu ceticismo e o faz criar coragem de retornar àquela cabana, sozinho e com a vontade de matar ou morrer.

Seu retorno ao local da maior tragédia de sua vida é uma jornada de mudança. Ao chegar lá se depara com algumas figuras que o conhecem, mas que não lhe são familiares. Aos poucos a neve dá espaço a campos verdes, floridos e iluminados com aura brilhosa. Mackenzie é recebido por uma senhora negra acima do peso, um homem de meia idade com traços árabes e uma oriental com ar de pop star. Lá ele descobre que está diante da Santíssima Trindade. Sim, Deus é uma senhora com ares de mãezona e que faz ótimas tortas de maça, Jesus tem um ótimo senso de humor e o Espírito Santo é divertido, sereno e cheio de paz. Dúvidas pairam. Como assim? Estou morto? Porque você matou Missy? Ela era tão pura e inocente. A ira, a incredulidade, as perguntas de um cético. Tudo faz parte do road movie para o perdão, a paz e ao seguir em frente. Mackenzie sairá dessa experiência renovado. Renascido. Reencarnado.


Colocar na tela um best seller é um exercício quase impossível. Os fãs dos livros nunca estarão satisfeitos com o resultado extraído das páginas, mas “A Cabana” consegue extrair boa parte da essência com sua mensagem edificante, com viés de autoajuda e por vezes catequizante, mesmo se isentando de ser voz de uma religião específica - o filme é claramente cristão com arroubos de espiritismo, principalmente na possibilidade de relação vivos x mortos. Tecnicamente não é um filme primoroso, onde apenas a fotografia usada para ilustrar o paraíso merece alguns louros. As atuações são apenas medianas – exceto por Octavia Spencer no papel do divino, onde consegue passar serenidade e se colocar de forma impactante no papel do todo poderoso. Sam Worthington desde "Avatar" não demonstra grande capacidade como ator e aqui falta na demonstração do sofrimento de um pai que perdeu um filho. Os atores novatos no papel de Jesus e Espírito Santo fazem boa composição da tríplice trindade. Alice Braga tem uma personagem central na redenção do protagonista, porém não faz uma aparição, digamos... marcante. A personagem da esposa é pouco aproveitada e poderia ter maior impacto na jornada de Mack. O roteiro perde chance ao não se aprofundar em assuntos complexos como perda, depressão, culpa, dúvidas da religiosidade e questionamentos de céticos. Talvez para esses céticos (e para estudiosos de religiões) o filme seja torturante. E no geral é mesmo um filme apelativo, busca ser emocionante e alcança exito no sentimento de pais e de alguns minimamente religiosos. É uma boa forma de encarar a religiosidade, a perda e passar a mensagem do perdão, do amor e da paz. Dolorido. Separe o lenço e deixe-se levar pelo sentimento, que é o que realmente somos.

Nota: 6.

Vitor Stefano
Sessões

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