Me Chame Pelo Seu Nome


Nome Original: Call Me by Your Name
Ano: 2017
Diretor: Luca Guadagnino
País: EUA, Itália, França e Brasil
Elenco: Armie Hammer, Timothée Chalamet, Michael Stuhlbarg, Amira Casar e Esther Garrel
Prêmio: Oscar de Melhor Roteiro Adaptado e Filme do Ano pela AFI Awards.
Me Chame pelo Seu Nome (2017) on IMDb



Há muitas perguntas que apenas a adolescência causa. Há respostas prontas demais para que os adolescentes sejam apenas mais um adulto comum. Para os que ousam, há vida demais durante o amadurecimento entre a infância e a vida adulta. Para os que não o fizeram nessa época da vida, ainda há toda a vida para viver. A vida é uma eterna escavação onde só depende de você saber até onde essa descoberta dará. Sua vida será apenas mais um osso de galinha ou será um pterodátilo raro, digno de exposição em museu? Sim, a escolha exclusivamente sua. A vida é uma eterna descoberta – seja na adolescência ou no dia que você quiser. Pode ser agora. “Me Chame pelo Meu Nome” é uma memorável história de amor, um marco no cinema da diversidade, mas acima de tudo, uma linda história de eterna descoberta. 

Logo no início do filme vemos seguidas imagens de esculturas romanas. Belíssimos e sensuais dorsos, em poses quase impossíveis, na busca pela perfeita tentação humana: o desejo e a admiração. Estamos nos anos 80 e acompanhar Elio, no auge dos seus 17 anos, é ver através dos seus olhos a pureza dos sentimentos de um jovem. Ele passa os dias tocando piano, nadando nas fontes da propriedade dos pais, lendo seus livros amarelados, fumando seus cigarros, fazendo refeições com os pais e encontrando com amigas e amigos. A partir da chegada do belo americano Olivier na casa, a vida de Elio passa por algumas mudanças. Ele precisa abdicar de seu quarto para o novo assistente do pai – um grande professor de cultura greco-romana - e é incumbido pelos pais para acompanhar o visitante por onde ele precisar. Os dias são calmos e tranquilos, com passeios de bicicleta pelas belas cidades do norte da Itália, troca de conhecimento de literatura e música ou nadam em lagos para afastar o calor escaldante do verão. O calor do desejo, nos olhos de Elio cresce a cada dia E é o desejo por viver. Seja com a jovem Marzia ou com Olivier. O americano, na condição de mais velho, exulta a princípio às indiretas, mas não há indiretas aqui. Há uma interação orgânica e natural entre os dois. A descoberta, não importa a idade, vale a pena só de vermos a beleza da entrega à paixão. 


Das locações italianas, passando pela linda história de amor e pelo ótimo trabalho de atores fazem de “Me Chame pelo Seu Nome” um dos melhores filmes do ano. O jovem Timothée Chalamet é uma surpresa e tanto. O jovem faz um Elio que é possível ver em seus olhos a evolução do desejo, da busca pela descoberta. É um ator para ficar de olho. O mais surpreendente é ver Armie Hammer na pele de Olivier. Não imaginaria nunca ver aquele cara que fez os gêmeos Winklevoss em “A Rede Social” num papel tão intenso, denso e doado ao personagem. Seu Olivier é dono de si, mas cheio de descobertas, de medos e de nuances que só quem ainda precisa se descobrir tem. Luca Guadagnino fez seu melhor filme mas respeitando sua filmografia, com muita sensualidade, muito frescor pelo desejo e com a beleza que o cinema italiano nos proporciona. Um grande filme assim não deve ser taxado de cinema LGBT – apesar de se tratar de um romance entre dois homens – mas sim como um grande filme de amor, de cinema. A cereja do bolo é a inesquecível homilia do pai ao filho perto do final do filme. É uma declaração de direitos humanos – o direito de tentar, o direito de ousar, o direito de se descobrir e sim, pelo direito de amar. 

Trecho de um pai para um filho:

“Então deixe-me dizer mais uma coisa. Isso pode deixa-lo mais leve. Talvez eu tenha chegado perto, mas nunca tive o que vocês dois tiveram. Alguma coisa sempre me impediu ou as coisas pararam no caminho. Como você vive sua vida é uma escolha sua. Lembre-se, nossos corações e nossos corpos são dados a nós apenas uma vez. E antes de entender isso, seu coração está desgastado e, seu corpo, chega um ponto em que ninguém olha para ele, muito menos quer aproximar-se dele. Agora, você sente tristeza. Dor. Não mate esses sentimentos e com isso a alegria que você sentiu.”

Lindo lindo. O amor. A dor. A descoberta. Se quiser, me chame pelo seu nome. Me chame como quiser, mas me chame...

Nota: 8,5

Vitor Stefano
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